Elis, cantou e provocou, combateu a loucura que torturou, cerceou e exilou brasiliros como ela. Em o Bêbado e a Equilibrista, composta por Aldir Blanc e João Bosco, clama por justiça, envereda pelo terror do exílio durante o regime militar (1964-1985) e lembra o "irmão do Henfil", que dentre outros tantos, sofreu com a expulsão cumpulsória perpetrada pelos generais.
Elis, 30 anos de sua morte. Uma perda sempre presente, um legado que nos fortalece no viver desse Brasil atual, onde o exílio não é mais em um país estrangeiro, mas em nossa própria terra - que um dia será nação- para aqueles excluídos dos direitos fundamentais.
A tortura no quartéis da ditadura está presente nos porões das nossas delegacias atualmente.
Sua música, Elis, retrata também um Brasil atual.
O Bêbado e A Equilibrista
Elis Regina
Caía a tarde feito um viaduto
E um bêbado trajando luto
Me lembrou Carlitos...
A lua
Tal qual a dona do bordel
Pedia a cada estrela fria
Um brilho de aluguel
E nuvens!
Lá no mata-borrão do céu
Chupavam manchas torturadas
Que sufoco!
Louco!
O bêbado com chapéu-coco
Fazia irreverências mil
Prá noite do Brasil.
Meu Brasil!...
Que sonha com a volta
Do irmão do Henfil.
Com tanta gente que partiu
Num rabo de foguete
Chora!
A nossa Pátria
Mãe gentil
Choram Marias
E Clarisses
No solo do Brasil...
Mas sei, que uma dor
Assim pungente
Não há de ser inutilmente
A esperança...
Dança na corda bamba
De sombrinha
E em cada passo
Dessa linha
Pode se machucar...
Azar!
A esperança equilibrista
Sabe que o show
De todo artista
Tem que continuar...
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