segunda-feira, 31 de outubro de 2011

31 de outubro:"Dia D", o "Dia Drummond"

31 de outubro de 1902, Itabira(MG) recebe o seu filho mais ilustre: Carlos Drumond de Andrade. Poeta brasileiro, homem do mundo. Sua sensibilidade expressa o amor e os sonhos que semeiam a vida em sua plenitude, recheada de sabores e dissabores. 
Para os jesuítas do Colégio Anchieta de Nova Friburgo RJ, portador de uma tal "insurbordinação mental"; para o modernismo, um membro, um criador. Drumond: a unanimidade reside no amor.
Antigamente
                                                         

ANTIGAMENTE, as moças chamavam-se mademoiselles e eram todas mimosas e muito prendadas. Não faziam anos: completavam primaveras, em geral dezoito. Os janotas, mesmo não sendo rapagões, faziam-lhes pé-de-alferes, arrastando a asa, mas ficavam longos meses debaixo do balaio. E se levavam tábua, o remédio era tirar o cavalo da chuva e ir pregar em outra freguesia. As pessoas, quando corriam, antigamente, era para tirar o pai da forca e não caíam de cavalo magro. Algumas jogavam verde para colher maduro, e sabiam com quantos paus se faz uma canoa. O que não impedia que, nesse entrementes, esse ou aquele embarcasse em canoa furada. Encontravam alguém que lhes passasse a manta e azulava, dando às de vila-diogo. Os mais idosos, depois da janta, faziam o quilo, saindo para tomar fresca; e também tomavam cautela de não apanhar sereno. Os mais jovens, esses iam ao animatógrafo, e mais tarde ao cinematógrafo, chupando balas de altéia. Ou sonhavam em andar de aeroplano; os quais, de pouco siso, se metiam em camisa de onze varas, e até em calças pardas; não admira que dessem com os burros n’água.

HAVIA OS QUE tomaram chá em criança, e, ao visitarem família da maior consideração, sabiam cuspir dentro da escarradeira. Se mandavam seus respeitos a alguém, o portador garantia-lhes: “Farei presente.” Outros, ao cruzarem com um sacerdote, tiravam o chapéu, exclamando: “Louvado seja Nosso Senhor Jesus Cristo”, ao que o Reverendíssimo correspondia: “Para sempre seja louvado.” E os eruditos, se alguém espirrava
sinal de defluxo eram impelidos a exortar: “Dominus tecum”. Embora sem saber da missa a metade, os presunçosos queriam ensinar padre-nosso ao vigário, e com isso metiam a mão em cumbuca. Era natural que com eles se perdesse a tramontana. A pessoa cheia de melindres ficava sentida com a desfeita que lhe faziam, quando, por exemplo, insinuavam que seu filho era artioso. Verdade seja que às vezes os meninos eram mesmo encapetados; chegavam a pitar escondido, atrás da igreja. As meninas, não: verdadeiros cromos, umas tetéias.

ANTIGAMENTE, certos tipos faziam negócios e ficavam a ver navios; outros eram pegados com a boca na botija, contavam tudo tintim por tintim e iam comer o pão que o diabo amassou, lá onde Judas perdeu as botas. Uns raros amarravam cachorro com lingüiça. E alguns ouviam cantar o galo, mas não sabiam onde. As famílias faziam sortimento na venda, tinham conta no carniceiro e arrematavam qualquer quitanda que passasse à porta, desde que o moleque do tabuleiro, quase sempre um cabrito, não tivesse catinga. Acolhiam com satisfação a visita do cometa, que, andando por ceca e meca, trazia novidades de baixo, ou seja, da Corte do Rio de Janeiro. Ele vinha dar dois dedos de prosa e deixar de presente ao dono da casa um canivete roscofe. As donzelas punham carmim e chegavam à sacada para vê-lo apear do macho faceiro. Infelizmente, alguns eram mais do que velhacos: eram grandessíssimos tratantes.

ACONTECIA o indivíduo apanhar constipação; ficando perrengue, mandava o próprio chamar o doutor e, depois, ir à botica para aviar a receita, de cápsulas ou pílulas fedorentas. Doença nefasta era a phtysica, feia era o gálico. Antigamente, os sobrados tinham assombrações, os meninos lombrigas, asthma os gatos, os homens portavam ceroulas, botinas e capa-de-goma, a casimira tinha de ser superior e mesmo X.P.T.O. London, não havia fotógrafos, mas retratistas, e os cristãos não morriam: descansavam.

MAS TUDO ISSO era antigamente, isto é, outrora.


Fonte:http://www.algumapoesia.com.br/drummond/drummond07.htm

Carlos Drummond de Andrade
In Quadrante (1962), obra coletiva
Reproduzida em Caminhos de João Brandão
José Olympio, 1970
© Graña Drummond

domingo, 30 de outubro de 2011

Juscelino Kubitschek

Mineiro, nascido no dia 12 de setembro  de 1912, Juscelino Kubitschek de Oliveira governou o Brasil embalado pela política desenvolvimentista, promoveu a industria e os sonhos de milhões de brasileiros. Em sua mente, um desejo que se materializa numa nova capital, Brasília. Projeto audacioso e dispendioso, mas necessário.
E veio o golpe de 64, e sua política desenvolvimentista não era bem vinda. Logo surge o exílio, a angústia e a solidão em  Nova York e depois Paris. Seu legado é maior que Brasília. Deixa mais que uma cidade: fica o legado de um líder que ousou transformar de fato o nosso país.

quarta-feira, 26 de outubro de 2011

Parada nacional

Marcha  "10 Mil pelos 10% do PIB para a Educação" segue para o Congresso.

                                          No plenário da CEC

sábado, 22 de outubro de 2011

Redescobrindo a Segunda Guerra

Vídeos do Natgeo com imagens da Segunda Guerra Mundial. Documentário  Redescobrindo a Segunda Guerra.

terça-feira, 18 de outubro de 2011

Os Gurus, as eleições e as redes sociais.

Sinceramente, falar em vitória de um ou de outro candidato hoje é considerar a população massa de manobra de grupos políticos. Muita coisa vem mudando... a net tem um longo caminho a percorrer, mas já faz alguns estragos nessa velha e moribunda forma de fazer política em nosso Estado, refém das desgastadas oligarquias.
Estamos em outubro de 2011 e muitos analistas políticos já fazem previsão a cerca  das eleições estaduais de 2014. Aqui em nosso estado, alguns deles dão como certa a vitória da senhora Rosalba. Segundo eles, a mandatária está se articulando magnificamente bem com os Alves Garibald e Henrique. Aliados da presidente Dilma em Brasilia e do senhor José Agripino aqui em nosso Estado, líder da oposição raivosa ao governo federal.
Sabemos que uma parcela significativa da nossa população não percebe os arranjos políticos das nossas oligarquias que se perpetuam no poder através dos macanismos de dominação como a posse vergonhosa de toda a mídia e sucateamento da educação pública. Contudo, subestimar a atuação de milhares de cidadãos nas redes sociais e nas ruas de nossas cidades, a exemplo do #foramicarla e o #levantedoelefante, é não perceber um processo que pode levar  significativa parcela da população ao patamar de protagonista efetivo do jogo político. 
Esse novo contexto é fundamental para a construção de uma democracia comprometida com a justiça social, ética e probidade na gestão pública. Uma nova realidade que buscará antes de mais nada combater as desavergonhadas práticas políticas predominantes em nosso país e ,especialmente, no nosso Estado, Onde políticos carreiristas fazem alianças absurdamente incoerentes a primeira vista,mas que se enquadram perfeitamente no jogo descarado que perpetua famílias oligárquicas no poder há décadas. A exemplo dos alves e maias.
Portanto, apesar do processo de interação e mobilização das pessoas nas redes sociais e nas ruas não influenciar atualmente de forma dicisiva no processo eleitoral, é importante verificar que esse contexto vem se modificando a medida que cresce a passoas largos o acesso a internet e o surgimento de novas ferramentas que facilitam a divulgação da informação para um número cada vez maior de pessoas, criando novos hábitos e uma nova cultura que fatalmente contribuirá no combate ao monopólio alienante da grande mídia, que está nas mãos daqueles que simbolizam o atraso e a  miséria em nosso país.
Sejamos complacentes com os gurus que fazem previsão, sem obviamente leva-los a sério.

segunda-feira, 17 de outubro de 2011

O odor da revista Veja no debate sobre as humanidades no Ensino Médio

Fonte: www.cartapotiguar.com.br
Por Paulo Ghiraldelli Jr

(Filósofo, escritor e professor da UFRRJ)

A equipe de educação do governador Alckmin fez reacender o debate, que parecia já encerrado, sobre a importância da filosofia no ensino médio. Isso ocorreu porque tal equipe resolveu anunciar que iria diminuir as aulas de português e matemática nos últimos anos da escola, aumentando as de humanidades e de ciências físicas e naturais. Rapidamente o senso comum conservador reclamou. E como no tempo anterior ao da aprovação da obrigatoriedade da filosofia e sociologia no ensino médio, os mesmos meios de comunicação que acreditam que o ensino deve ficar como está acionaram seus jornalistas para que estes agissem como cães de guarda do status quopedagógico. E eles de fato vociferaram e rosnaram.

A idéia básica dos setores conservadores é típica do século XIX. E em um aparente paradoxo ela espelha, em parte, um desejo expresso de Marx, defendido nos reuniões da I Internacional: que a escola pública não tenha matérias sujeitas a “controvérsias”, como Filosofia, Sociologia e coisas do tipo. Seguindo o clima de seu tempo, o de vitória do positivismo, Marx entendia que a escola pública deveria limitar-se ao ensino das ciências “não controversas”, aliando tal coisa ao que chamou de “ensino politécnico”. No Brasil de hoje, quem defende uma proposta parecida, seguindo esses dois itens, são justamente os setores que mais demonstram ódio a Marx. Aliás, são setores que acham que a escola pode escapar de ideologias e, ao mesmo tempo, são os que mais ideologizam um debate político que caberia bem menos bravatas. A revista Veja reúne esses setores que, nas últimas eleições, dirigiu a plataforma de política educacional de José Serra (em Filosofia e história da educação brasileira (Manole, 2008) escrevi que esse pessoal, capitaneado pelo falecido Paulo Renato, formava um Partido da Tecnocracia Educacional).

O erro do senso comum conservador não é somente o de seguir Marx e o século XIX. Eles, os conservadores, estão equivocados porque não percebem o que é e o que não é útil para o país em termos de ensino médio para o Brasil atual. E isso em detrimento dos próprios interesses que eles imaginam defender, que é o do empresariado brasileiro (que, aliás, prefere Lula e Dilma, não a direita política!).

Eis os dois pontos no qual o senso comum conservador escorrega.

Primeiro. Fala-se muito no Brasil em ensino profissionalizante. Mas teima-se em acreditar que tal ensino se resume às disciplinas Matemática e Português, ou mesmo Química ou Física. Não se percebe que em um país em que o setor de serviços cresce a passos largos, como o que ocorre no Brasil, um curso profissionalizante é aquele que tiver a grade curricular a mais harmônica possível. Podemos saber matemática, mas é bom que saibamos interpretar bem um filme e que possamos ter gosto em acompanhar as resenhas de livros nos jornais. Não é o professor de Português que faz isso. Não é o de Matemática. Quem faz isso são os professores de humanidades.

Segundo. Fala-se em melhoria da compreensão de questões e problemas por parte da juventude brasileira, cuja falha em leitura é visível nos exames internacionais (por exemplo, os do PISA). Não se percebe, no entanto, que são disciplinas como Filosofia, Sociologia, Geografia e História que permitem ao aluno resolver melhor os problemas das matemáticas e ciências, uma vez que as disciplinas humanísticas melhoram o estudante no quesito leitura. Aliás, ajudam em muito, também, a capacidade de compreensão de conceitos por parte do alunado – o que é fundamental para a resolução de problemas de forma não mecânica.

Por esses dois parágrafos acima, o que se pode concluir é que qualquer reforma que venha a tratar o ensino médio público e particular como o local não de especializações precoces, mas como a casa de ampliação da cultura geral pré-universitária, está basicamente correta. Os conservadores não conseguem entender isso. Eles, como Marx, ficaram no século XIX. Confundem a ampliação cultural do jovem com o seu engajamento ideológico. Nisso, imitam uma mentalidade que não é liberal-conservadora, mas própria, sim, de ditadores. Os liberais autênticos nunca tiveram medo da esquerda. Quem ataca a esquerda com esse tipo de medo sem fundamento são os fascistas. Pois só o fascismo alimenta o comunismo, em geral imaginariamente. Sempre foi assim, não só no Brasil. Aliás, no Brasil vivemos isso hoje, de uma forma mais caricaturesca que no passado. O Muro de Berlim caiu e a URSS não existe mais faz tempo, mas a revista Veja tenta não lidar com isso realisticamente. Essa revista, como os generais da Ditadura Militar, vê comunismo em todo canto. Só que agora não há comunismo em canto nenhum do mundo!

Como a revista Veja e seus cúmplices podem ver comunismo no Brasil? O PC do B cogita lançar Netinho candidato à prefeitura de São Paulo. Netinho bate em mulher e dança umas coisas esquisitas, duvido que esteja pensando na “socialização dos meios de produção”. A revista Veja vê marxismo na universidade pública. Onde? Um dos únicos marxistas da universidade é Sader que, como se sabe, disse em um Fórum Social Mundial que é na Bolívia que está a utopia dos trabalhadores. Qual jovem trabalhador no Brasil gostaria de pensar numa utopia que fosse a Bolívia? Ora bolas! Não contente, a Revista Veja diz também que há seguidores de Paulo Freire no Brasil que querem fazer de crianças do MST perigosos comunistinhas. Ora, os acampamentos do MST possuem antes famintos que comunistas. Aliás, estranho movimento este que, para ser comunista, quer que todos tenham propriedade privada!

Os brasileiros jovens adoram a liberdade. Nosso povo sempre gostou da liberdade. Para alguns universitários, Cuba parece ainda ser algo encantado não por qualquer coisa que tenha a ver com o socialismo, mas única e exclusivamente porque todo jovem procura algo diferente. Mas o número de jovens que idolatra Cuba, hoje, em cada universidade pública, cabe num Novo Fiat UNO.

Os jovens brasileiros de hoje, mesmo os que ainda professam um discurso anti-americanista, reclamam do liberalismo porque o tomam como sendo antes o de Reagan e Thatcher, que cerrou fileiras em torno de um individualismo mesquinho, que propriamente o libertarismo de Robert Nozick, que terminou (injustamente) como responsável filosófico por esses governos de direita. Os jovens de hoje, no Brasil, estão bem dispostos a seguir uma doutrina que promova certa igualdade social e ao mesmo tempo respeite as diferenças individuais e a liberdade, como é o caso do liberalismo de John Rawls. É claro que esses jovens ainda não conhecem bem Rawls. Mas, conhecendo-o, irão simplesmente esquecer o velho liberalismo social europeu ou mesmo a social democracia européia, que a geração que foi jovem nos anos 80 idolatrou estudando os debates entre Norberto Bobbio e o eurocomunismo. As enquetes mostram isso. O jovem brasileiro, cada vez mais, tem afinado suas aspirações políticas na direção dos que defendem a compatibilidade entre igualdade social e respeito às liberdades individuais. Não à toa muitos candidatos têm dito que são partidários de um tipo de “liberalismo social” ou de “socialismo liberal” ou, enfim, de algum tipo de “democracia participativa liberal”.

Claro, claro, talvez o grupinho da Revista Veja e os que circulam em torno dela tenham ódio de qualquer tipo de liberalismo que tente harmonizar liberdade e igualdade. Talvez eles falem em defesa irrestrita da liberdade, citando Locke, embora, na parede de seus escritórios, mantenham fotos de Pichochet, Médici, Videla, Franco, Salazar e … cuidado, podemos até achar algumas coisas piores em tais paredes! Locke? Nunca! Falam “Locke” da boca para fora.

Assim, esse tipo de gente que, no frigir dos ovos alimenta a imobilidade de nosso sistema educacional, tinha mesmo de chiar contra a reforma que, paradoxalmente, veio do interior do governo Alckmin. Fez isso. Tentou e tenta intimidar o governador. E com isso jogou contra o governador paulista naquilo que ele poderia se apresentar menos à direita, para disputas de pleitos futuros. A revista Veja prefere ter um candidato à direita que ver um candidato seu ganhar a eleição. Fez isso com Serra, fez agora com Alckmin. Um governador que tem como aliado a Veja não precisa de inimigos.

PS: No momento em que escrevo, não há decisão sobre as reformas. A revista Veja quer punir o secretário de Educação de Alckmin, jogando fala do governador, que apenas pondera, contra ele.  Veja aqui o Estadão falando do assunto.

Publicado originalmente em Paulo Ghiraldelli Jr. Blog do Filósofo

sábado, 15 de outubro de 2011

Vídeo com alguns pensamentos do Rubem Alves sobre  a construção do processo educacional.
Ideias distantes da realidade, dizem alguns - e não sem motivos diante do caos em que se encontra as escolas e o dia dia do professor - ; perfeitamente possível, dizem outros, com milhares de motivos para pensar assim, pois suas vitórias não são poucas. Em fim, sejamos sujeitos pensantes da nossa praxis, com uma dose de pessimismo diante do contexto em que vivemos, mas inevitavelmente otimista para lutarmos em busca de novas e imprescidiveis conquistas e atingirmos, de forma ampla e eficaz, a nossa honrada meta de EDUCAR.
Feliz dia do professor!!

quarta-feira, 12 de outubro de 2011

De pé No Chão Também se Aprende a Ler

Djalma Maranhão, potiguar que liderou o movimento educacional  De Pé no Chão Também se Aprende a ler, foi o primeiro prefeito de Natal eleito pelo voto direto em 1960. Governou, liderou, fez, transformou e foi preso por defender os mais pobres, o povo, em 1964 com o golpe militar. Morreu no Uruguai, exilado,desterrado pelo regime que o perseguiu.
Este vídeo, emociona pelo que foi a sua gestão, pela campanha que foi empreendida e pelas imagens de uma Natal que não exista mais.

sábado, 8 de outubro de 2011

O Brasil na Segunda Guerra Mundial

A participação do Brasil na Segunda Guerra Mundial é o tema do documentário nos vídeos abaixo. O Prof. Dr. Dennison de Oliveira do Departamento de História da UFPR, comenta o contexto em que o Brasil se inseriu na Guerra: as relações políticas e comerciais com a Alemanha e os países aliados, o ambiente político interno do nosso país também é abordado.
O prof. Dennison de Oliveira  é autor de dois livros :"Os soldados alemães de Vargas" e "Os soldados brasileiros de Hitler", ambos lançados em 2008 pela Editora Juruá.

 

quinta-feira, 6 de outubro de 2011

Texto do sociólogo Emir sader sobre a direita brasileira.

Fonte: teoria e Debate

O Zé Dirceu realmente existente


A guerra fria deixou a boca da direita torta. Se acostumou à diabolização de adversários, para tentar passar como agente do bem. Afinal o discurso dos EUA foi construído – e seria impossível sem esse mecanismo – na diabolização de Stalin, Fidel, Hugo Chávez, Saddam Hussein, Ahmadinejad.

A direita local seguiu os mesmos passos: Getúlio era seu grande diabo. Populista, ditatorial, corrupto, criptocomunista etc. eram os epítetos. O mais vetusto dos jornalões paulista cunhou a expressão: petebo-castro-comunista para caracterizar o moderado governo de João Goulart.

Nos tempos de Lula, a direita brasileira ficou desconcertada. Seu xodó, o homem mais bem preparado para dirigir o Brasil – e talvez o mundo – tinha fracassado, saía do governo enxotado pelo povo e seus eventuais sucessores perderam três eleições seguidas, enquanto ele se consagrava como o político de maior rejeição no país – rejeitado até por seu partido na última campanha eleitoral.
Impossibilitada de exaltar suas proezas, a direita se dedicou à diabolização dos adversários: os fantasmas de Lula e do PT foram alvos privilegiados, como os que os tinham desalojado do governo e ameaçam prolongar seus mandatos por longo tempo. Haveria que cortar o mal pela raiz.

Se Carlos Lacerda, seu corvo queridinho de outros tempos, tinha dito de JK que não poderia ser candidato, se fosse não poderia ganhar, se ganhasse não poderia tomar posse, a direita renovada nas siglas, mas não em seu arsenal, reiterou as mesmas afirmações sobre Lula e o PT.

Essa direita de DNA golpista armou o mais bem-sucedido projeto de marketing com o “mensalão”, que chegou a incutir na mente de muita gente que políticos entravam todos os meses no Palácio do Planalto munidos de uma mala, entravam em salas contíguas à do presidente da República e saíam com malas cheias de dinheiro. Uma imagem que até hoje não encontrou confirmação na realidade, mas o que conta não é o que aconteceu, mas a narrativa e a imaginação que provocou, acionada pelo impressionismo midiático. O que conta não é o fato, mas a versão – na ditadura da mídia brasileira.

Não conseguiram derrubar Lula, com medo da capacidade de mobilização popular dele, trataram de fazer com que o governo sangrasse, sem recursos para suas políticas econômicas, mas fracassaram. Sua sanha voltou-se contra quem representava, por sua trajetória e liderança política, o PT: José Dirceu. Seu ódio de classe tomou o PT como seu nome diz: o Partido dos Trabalhadores. Na sua ânsia de sangue, um dos seus mais conspícuos representantes – governador biônico do mais sangrento ditador brasileiro – confessou publicamente o que as elites dizem em privado: queriam ficar livres “dessa raça” por trinta anos. Tentavam realizar o que outro prócer da ditadura tinha dito: “Um dia o PT tem de ganhar, fracassar, e aí deixar a gente dirigir com calma este país”.

José Dirceu pagou a encarnação do PT que sua trajetória representa. O ódio de classe se abateu sobre ele, como vingança contra o PT, pelo que esse partido os fazia sofrer. Como todo processo de diabolização, tiveram de reconstruir uma imagem do diabo conforme suas necessidades midiáticas. José Dirceu não era o líder estudantil da luta contra a ditadura, não era o preso salvo da prisão pela troca pelo embaixador norte-americano, não era o militante clandestino que viveu anos disfarçado para enfrentar o regime que eles ajudaram a se instaurar e apoiaram, não era o grande dirigente que liderou a construção do PT como partido nacional.

Era um diabólico articulador do assalto ao Estado por parte de sindicalistas, burocratas partidários, sedentos de apropriar-se das empresas estatais, dos recursos do Orçamento, de cargos e prebendas governamentais. Era o modelo acabado da criminalização do Estado, bandeira maior do neoliberalismo. Foi esse José Dirceu que eles condenaram, cassando seu mandato em nome da moralidade da Tia Zulmira – tão bem retratada pelo maior cronista da ditadura e da direita, Stanislaw Ponte Preta.

Para recompor a imagem real de dirigente político de José Dirceu, leiam seu livro de artigos. Tempos de Planície recolhe textos seus sobre temas tão diversos, como reforma política, comunicação e mídia, políticas econômicas, o Brasil no mundo, o papel de um partido como o PT e a função da esquerda hoje no Brasil, entre tantos outros. Pode-se discordar ou não, mas uma atitude política, democrática, pluralista requer o tratamento de um dirigente político como defensor de ideias e da sua prática concreta, e não sua diabolização, pobre instrumento de disputa com que a direita brasileira se contentou e tem sido fragorosamente derrotada. Ao contrário do que desejavam, o “mensalão” se voltou contra a direita, que acreditou que controlava a opinião do povo brasileiro e tem sido continua vítima dessa ilusão até hoje. Aquela vitória de Pirro preparou todas as suas derrotas posteriores.

No livro José Dirceu expressa com clareza as posições que hoje caracterizam a esquerda realmente existente, essa que soube construir um bloco hegemônico de forças que busca, nas condições concretas da pesada herança neoliberal, superar esse modelo mercantilizado.

A leitura dos artigos permite acompanhar mais concretamente, em cada conjuntura, os dilemas da esquerda e as alternativas que têm diante de si, que no essencial são as mesmas de hoje: ruptura com a hegemonia do capital financeiro, implementação plena de um modelo de desenvolvimento com distribuição de renda – como reafirma José Dirceu no correr das páginas.

Mas é mais fácil diabolizá-lo do que discutir suas ideias e propostas. Como não podem combater o dirigente de esquerda realmente existente, tentaram destruir o espantalho que construíram. O livro apresenta o José Dirceu de corpo inteiro, como militante da esquerda, analítico e propositivo. Ler e debater suas ideias é estar no centro da agenda e das alternativas da esquerda brasileira. No Planalto e na planície.

Emir Sader é sociólogo e cientista político, professor da Universidade do Estado do Rio de Janeiro

segunda-feira, 3 de outubro de 2011

Última Entrevista a Paulo Freire

O educador Paulo Freire teria completado  90  anos no dia 19 de setembro. Homem de luta, sujeito transformador do seu tempo e da sua História. Como todos nós, mas numa amplitue infinitamente maior do que a maioria dos seus contemporâneos.
Conhecedor da realidade social e política do seu país, defendeu a inserção do homem para transformar a realidade em que ele vive, rejeitando o discurso fatalista dos setores reacionários de que a realidade tal como se encontra, caracterizada pela fome e miséria de uma parcela do nosso povo, seja algo natural.
Nas esquinas das favelas, em meio ao caos da miséria, Paulo Freire se encontra com Cristo e reforça sua fé. Uma fé que o coloca na condição de camarada do filho de Deus, uma parceria em busca de justiça e humanização, revertendo o processo de distorsão da busca humana de ser mais que gera a desumanização.
Em tempos de mentiras e violência, promovidos pela mídia, que tenta criminalizar os movimentos sociais, o pensamento de Paulo Freire nos mobiliza e fortalece, pois o direito à luta é sagrado, e criminoso são eles que no poder estão e usam   a força para enganar o povo e  escravizar o cidadão.
Revistas e pseudo-especialistas em educação, agridem o professor e mentem para a população. Todos eles estão, vergonhosamente, a serviço do patrão, que nada buscam de melhoria , mas apenas satisfazem os interesses mais espúrios do CAPITAL, privatizando a educação.

sábado, 1 de outubro de 2011

O Beijo na Times Square

Times Square, 14 de agosto de 1945,  o mundo em fim dá adeus a Segunda guerra Mundial.  Um marinheiro e uma enfermeira celebram o momento com um beijo. A estupidês humana cede lugar a alegria  e a vida, e  a esperança renasce no caos do pós-guerra.
Apesar do ódio que brota no coração de muitos homens o amor sempre sobrepujará, para que a  paz não seja uma mera utopia e a busca por um mundo mais igualitário se mantenha viva especialmente nas futuras gerações.
Edith Shain, morreu em 23 de junho de 2010 aos 91 anos de idade. Glenn McDuffie, o fogoso marinheiro, hoje está com 83 anos.

fotógrafo: Alfred Eisenstaedt